domingo, 13 de dezembro de 2009

As pessoas são dois olhos e uma boca.

As pessoas são dois olhos e uma boca. Duas armas biologicamente indissociáveis. As pernas servem para abrir o caminho, enquanto os pés se adaptam ao melhor terreno. Os braços aproximam os troncos. As mãos prendem-se nos relevos e diferenças da pele. Avaliam-na. E a cabeça perde-se em sinónimos e correlações até estoirar em vontades primitivas de querer um refúgio. Mais uma vez.

13 Dezembro 2009 : 06.52

sábado, 5 de dezembro de 2009

À noite, as borboletas sofrem outra mutação, uma metamorfose atrasada, como os dentos do siso, apenas uma opção genética mal explicada. Escurecem a pele e deixam-na secar. E tatuam nas asas mensagens microscopicamente indecifráveis, que apenas os da sua espécie, também metamorfoseados, compreendem em total sintonia.
Parecem folhas molhadas na chuva, solitárias, como predadores à espera do momento ideal. E atacam. Absorvem toda a luminosidade possível para contrariar a sua natureza obscura.
São vigilantes de uma noite melhor. Tecem, junto com as aranhas, enredos e armadilhas, para que a sua presença seja mais do que uma gota de luz incandescente. São viciantes pelo veneno que segregam. Acidificam-nos os fluídos que expandem no momento da sublimação. Arrancam-nos os sentidos e apuram-nos os instintos.
As borboletas são caçadoras de uma verdade mais pura, e mentem em cada vôo silencioso.


5 Dezembro 09 : 07.58