segunda-feira, 19 de março de 2007

Voei.

Voei. Abri as minhas asas de cabelos pretos e voei. Dei corda ao relógio de bolso e ouvi o coração bater.

Está frio e a chuva faz-me tremer, medo inseguro de não aguentar o peso da água. Já não há sol no céu e a lua não se mostra hoje. Eclipse misterioso de um recomeço secreto. As nuvens são o meu caminho porque nem o vento ou as estrelas me querem falar. E os candeeiros são lembranças de um tempo de luz.
Deixei-me viciar, necessidade orgânica que agora me mantém de pé. Selei a minha promessa em palavras para não pestanejar quando te olhar de novo, quando houver um novo olhar. Desculpa que encontrei em cartas que não te escrevi. Coragem que me faltou. Vontade que escondi.
Peço-te que me escrevas quando tiveres certeza da tua morada. Oito mil setecentas e sessenta horas é tempo demais e o relógio ainda mal começou. Não te prendas em amarras de seda mesmo que sejam macias as histórias nos teus pulsos. Corre para longe mas decora cada pôr-do-sol.
Acabei por encontrar um novo ninho de olhos verdes. Cheguei a casa e não és tu que me esperas com um beijo nos lábios.
19 Março 2007 : 05.36

domingo, 4 de março de 2007

O Baile.

Botas pretas. O salão feito de música.
Gentes. Penteados de outras cores.
O fato.
Vermelho. Branco. Vermelho. Vermelho. Roxo. Nunvens estáticas.
O laser que nos varre.
O fumo essencial ao bem estar hilariante.
Quedas agressivas. Prenúncios mentirosos. Fusão de corpos iguais.
A dança.
Olhares encantados.
Conversas. Muitas conversas. Teias de conversas. E gritos.
Sonhos de lembrança. Caras escondidas. Orgasmo de vertigens.
Violência ácida na minha boca.
Tremores viciantes.
O corredor. Nó vermelho da gravata. Casaco escuro.
Dia.

RESUMO DA NOITE: Um ser aparece-me à frente e dá-me 2 bilhetes para o Baile dos Vampiros quando eu ia comprar o meu. Lá dentro, bebo uma cerveja sem pagar e ainda parto um banco para condizer com o cenário do meu traje.
4 Março 2007 : 20.56