quarta-feira, 9 de abril de 2008

Levaste-me ao pescoço, num vestígio de beijo que deixei marcado no metal. Senti o peso da coragem ancorar-se em ti. Agora dizes que vais embora e não me deixas nada senão fotografias na cabeça. Se soubesses ao menos porque é que chove. Nem sabes que está a chover, tão pouco. E que doi, apesar da voz.
Hoje o céu voltou a ser de outra cor e é a música que decoraste para mim que me faz olhar para ele.

10 Abril 2008 : 00.37

RomeuRomeu em Metamorfose.

Um silêncio que me cobre o corpo outra vez. As pessoas são restos, não pensam sequer. Usam os corpos para dançarem com as folhas e o vento e nada mais que isso. São restos.
Não houve varandas ou outros adornos fictícios, mas proibiram-nos o toque. Depois a luta ao estilo do teu Alexandre, com ouro e grandes véus de seda, que se afundou de tão triunfal que era. Deixaste ser assim. Não te condeno. As vozes nos ouvidos eram demais e não tinhas corpo suficiente para aguentar com tanto peso.
As pessoas são merda. Servem só para meia dúzia de orgamos e para partilhar cafés e cigarros. Mais nada. E o que resta são as tentativas de ser alguém e de conseguir ser mais do que somos. Mas a condição humana é a porra que sabemos, uma âncora bem apertada aos pés para nos lembrarmos que as putas das asas só os pássaros é que podem ter. Por isso, chega de tentar.
Há-de ser um dia. Desta vez não foi, por mais que quisesses. Pode ser que um veneno me mostre o final feliz.

9 Abril 2008 : 23.57

sábado, 5 de abril de 2008

O meu sangue.

Deixei-me arder em vermelho, cor dos lábios a morderem por mais. Impulso canibal de não aguentar os instintos. E a tua voz sempre na minha cabeça como tortura merecida. Possuí-me. Deixei-me violar agarrado à pele do corpo e cobri-me de arranhões cheios de vontade. Pecados morais que nunca vais entender porquê. As coisas do outro lado do espelho são tão diferentes. Parece que tudo estala constantemente quando me aproximo do que quero, quando me sinto seguro. Depois sinto o sangue a mudar, a voltar ao que fora, carregado de imagens e outras cores, outros cheiros, outras músicas, e a magoar-me a cada nova pulsação. E eu juro que tento lutar para que não doa. Expludo de vez para gritar por cada pedaço meu, como se isso não me fosse coser de volta da mesma forma. Quero-te mais perto do que agora, mas sinto cada vez mais o teu olhar de longe e é tão pouco o tempo que posso adormecer nele. Quero voltar a enrolar-me em ti, no refúgio do teu abraço, e sentir-te como segunda pele.
Faz-me esquecer-me.

5 Abril 2008 : 05.48