segunda-feira, 14 de junho de 2010

Dissolvo-me em arrepios. Abro os olhos e deixo-as sair. Hoje não dá para dizer que não. Se ao menos soubesse como desatar os nós que fui fazendo ao coração. Se ao menos permitisse alguém de o fazer por mim. Sinto as vontades novamente a aflorar à pele, em gritos aguçados de raiva. E eu deixo que me comandem, numa submissão absurda à minha racionalidade.
Hoje não dá para dizer que não. As fotografias corroem-me as pálpebras em memórias demasiado pesadas para partilhar só com a minha cama. Por isso deslaço-me de mim mesmo, para me atar da mesma forma antes que alguém perceba.
14 Junho 2010 : 19.51

terça-feira, 8 de junho de 2010

Poesia vespertina.

apetece-me fumar
fumar excessivamente
e afundar os meus pulmões
em secreções e fumos espessos
apetece-me alastrar epidemias pelo corpo
e deixar o cansaço escorrer até aos pés
abrir fendas profundas
nos olhos
e perder a orientação do real
hoje o dia está em sintonia comigo
ou então fui eu que me sintonizei com ele
aborrece-me a monotonia das rotinas
ao menos que chova
de vez
dói-me
a cabeça
8 Junho 2010 : 17.25