domingo, 17 de agosto de 2014

quis deus qu'eu fosse Poeta
para sentir melhor
cada tatuagem
por dentro das pálpebras
com mensagens tão dolorosas
(consequência da clarividência)
de quem absorve demais
e retém demais
em diques ósseos
e fortalezas de pele e músculo

e são milhares os olhos-janelas

a brotarem, a preencherem,
tudo para vigiar o tempo e o mundo
e contar segredos
para dentro
a adivinhar o futuro
com a certeza dos suspiros
de todas as horas
e da vontade de fazer
a acumular no sangue, a espessá-lo,
e a fazer-me encolher

que se rebente de vez

duas a três artérias mais cheias
e mais entupidas
e que me façam das mãos
a nova nascente
só assim as palavras
só assim o mar-virgem
a crescer para sempre
e a inundar inundar
numa onda única
contra a corrente.

14 Agosto 2014 : 21.59

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