segunda-feira, 29 de julho de 2013

M.

Fizeste do teu corpo o abrigo para dois e com as tuas mãos fizeste de nós duas casas, mesmo a saber que o tecto não seria para sempre o teu. Deste-me o teu espírito e prendeste-me o coração na garganta. Como o teu, que é dos dois. Cristalizaste nos olhos o tempo de quando ainda tinhamos tempo para crescer. Devagar. E entrançavas estórias e cantigas nos cabelos, a sussurar-me "dorme bem" para que os sonhos fossem melhores.
Tenho-te no sangue a definir o que sou e vivo para te construir um palácio de madrepérolas. Para seres Rainha, a minha e para mim. Todos os teus nomes merecem maiúsculas: Maria, Mulher, Mãe. Assumimos o compromisso, bem antes de nascer, de sermos um do outro para sempre. E este sempre é imortal.
Tenho tantas saudades tuas, Mãe, e de ser menino para me guardares nos teus braços e dizeres que a luz não tarda a voltar ou que a febre já está a descer. Educaste-me para ser um guerreiro, mas nas mãos nunca me deixaste uma arma: só Mar e outra forma de chorar.
Feliz aniversário, Mãe.
29 Julho 2013 : 01.04

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