Choveu e chove de novo. Chuva miudínha de água condensada que se desprende do céu e rebenta quando chega ao chão.
Escorre nos telhados e nas vidraças das janelas e nas persianas que se fecharam para a noite. Junta-se em riachos para desaguar num mar qualquer com um novo cheiro a maresia.
As nuvens agitam-se, lá em cima, num corrupio fictício. Também elas têm já destino marcado pelo sopro do vento, que usa hoje um perfume a cidade molhada.
E há veneno em mim para ajudar o coração a seguir também: absinto nas minhas veias para anestesiar a lembrança e inebriar a revolta e paralisar a vontade.
Amanhã será novo dia, recheado de novas horas que seguem atreladas como num comboio sem fim.
Espero não chover amanhã.
17 Junho 2006 : 03.26