As danças esquisistas de voltas e mais voltas. Os olhares agressivos de tanto vício que provocam. Os reflexos fictícios num espelho mal quebrado. Os silêncios num pânico mal resolvido. Um copo de sangue prestes a ser saboreado. O sabor a um Porto delicioso junto a cabeceira da cama. Um corpo imaginado que se constrói ao fechar dos olhos. O toque arrependido das minhas unhas roídas. A transformação da tua cara numa poça de cartas rasgadas. Uma caixa aberta sem segredos a revelar. A viagem para longe. A vontade de não ficar. Um cigarro oferecido num sacrifício divinal. O trago de uma lágrima azedada pelo tempo. O enjoo das noites sem estrada nos pés. O fumo da manhã que me tapa a casa. As fugas que deixam saudade. A promessa do regresso. O desejo de cumprir. Os perfumes nos cabelos. A luz que me lava os pés descalços. As portas fechadas por palavras de ofensa. O encontro dos lábios no escuro. O álcool nos teus dentes. As nossas roupas com cheiros iguais. O coração que nem sabe o que pensa. A raiva num grito que inunda o meu espaço. A parede onde te encostas. A ausência de protecção no teu abraço. Os sussuros da música nos ouvidos. Um táxi à procura de lugar. Um sorriso apreciado. Um elogio que te dou. Um novo olhar para a Lua. As gargalhas nas cambalhotas na areia. O cheiro da comida que preparas. Um banho frio pela manhã. O meu olhar nos dias de calor. As fotografias das recordações reais. As canetas que perdem a tinta. O convite para entrares. O pedido para existires. O encanto de pintar os lábios. A desilusão de quem não deixa recados. O sinal de saída quando não se quer. O teu jeito de andar. O tropeçar nas escadas. O toque das pedras da rua. O vento quente dos eucaliptos. As sombras de um sonho escondido. As canções que canto sozinho. Uma pancada no peito. A perda dos sentidos. Os cortes nos braços para saber que existo. Uma venda na cara. O desespero do menino perdido. A tua garganta arranhada. A minha mão que se enlaça. O início da sedução. O vinho que se acaba. O texto confuso. As linhas que apagamos quando não sabemos escrever. O fim da alucinação.
5 Setembro 2006 : 1.42
7 comentários:
cabe ao sujeito conjugar os verbos para fazer um texto menos substantivo mas com mais substância!
gostei do post!
;)
Perdi-me completamente neste texto... Mas assim de uma maneira brutal. ;x
( só comentei porque choraste :D ) *
adorei os textos!
Tantas Personagens criadas e sacudidas num vento que arrasta montanhas... tantos sentidos experimentados em sabores amargos de despedida com sons doces á mistura... borbulhar de sentimentos em guerras eternas com a absurda racionalidade que nos mata... es sem duvida especial, es sem duvida meu irmao, es sem duvida beno...
Cuida de ti.
obrigada pela visita!
;)
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