Soltem-se os vidros das janelas e caiam as casas aos pedaços. Preciso de espaço para rebentar com a cabeça. E com os braços, pernas e peito. Manchar tudo num oceano escuro. Reduzir-me a um berro de fumo. Reduzir-me a um fio de cabelo encaracolado. Reduzir-me.
Arranham-me a garganta todas as palavras que se acumulam rente aos lábios. Não sei quais são, não lhes conheço o nome. E as imagens na cabeça em metástases pelo corpo.
Os olhos são de tinta preta, turvos como o frio pela manhã. Aumentam a cada ruído novo, a cada golpe fora do tempo. Encolhem no bocejo fraco de quem tem fome de algo mais. Sim. Os olhos também sabem se defender. Artes que se aprendem com o tempo. Artes que se aprendem quando não temos um corpo para abraçar.
Tenho a máscara a estalar. As feridas já sangram sem dor e sem uma única gota de água salgada.
Antes fosse tudo mais fácil. Antes adormecesse com o meu nome sussurado nos ouvidos.
Arranham-me a garganta todas as palavras que se acumulam rente aos lábios. Não sei quais são, não lhes conheço o nome. E as imagens na cabeça em metástases pelo corpo.
Os olhos são de tinta preta, turvos como o frio pela manhã. Aumentam a cada ruído novo, a cada golpe fora do tempo. Encolhem no bocejo fraco de quem tem fome de algo mais. Sim. Os olhos também sabem se defender. Artes que se aprendem com o tempo. Artes que se aprendem quando não temos um corpo para abraçar.
Tenho a máscara a estalar. As feridas já sangram sem dor e sem uma única gota de água salgada.
Antes fosse tudo mais fácil. Antes adormecesse com o meu nome sussurado nos ouvidos.
18 Dezembro 2007 : 01.55
4 comentários:
ah???
expandir sabe melhor que reduzir!!
também a frequência de visitas aqui é superior aos comentários!!
;)
Boas Festas!
A tua forma de escrever arrepia-me...és profundo de mais na simplicidade que encontraste! adoro *
"Antes fosse tudo mais fácil."
Sim. Quem dera que todas estas sombras se dissipassem com um só grito, com uma só lágrima.
Porquê? Porquê que somos tantas vezes forçados a viver neste mundo sofucante onde só existimos nós e elas, as sombras.
Quando vivemos acompanhados por sombras da saudade é como se o vento trouxesse aquilo que queremos esquecer, é como se todos os nossos abrigos passassem a ser sítios errados, porque moram lá recordações. É como se as manhãs e as noites se tornassem ainda mais frias. É como se aquele chão pelo qual sempre caminhamos, aquela mão que sempre nos levou pelo caminho mais correcto, aquela estrela que só com uma pequena luz indicava o caminho certo, é como se tudo isto deixasse de existir.
"artes que se aprendem quando nao temos um corpo para abraçar."
verdadeiro.gostei imenso.
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